Já defendi as pedras portuguesas como as calçadas ideais para o Rio de Janeiro, apesar de queixas diversas quanto à sua manutenção.
É como queixar-se dos automóveis porque há muitas batidas, derrapagens, capotagens e mortes.
CALÇADA DA AVENIDA ATLÂNTICA FOTOGRAFADA AO ACASO. ONDE VOCÊ VÊ UM CHICLETES?
O problema das pedras portuguesas é a conservação.
No Leme, há pouco mais de um mês, uma agência do Bradesco foi autorizada fazer uma calçada de cimento - "como em Nova York..." e o resultado da cópia está lá para que quem queira ver.
A calçada foi até pintada de cinza para parecer melhor, mas hoje está respingada de chicletes cuspidos.
Exatamente como as calçadas de Nova York...
Enquanto constatava o novo nojo constatei a falta de chicletes cuspidos nas calçadas mal conservadas de pedra portuguesas; Nas pedras portuguesas os chicletes que colam em tudo o que é lugar, não grudam.
Numa cidade com calçadas de pedras portuguesas não se vê esta nojeira.
Se em Cingapura eles soubessem disto ninguém com chicletes no bolso seria preso no aeroporto assim como quem ousasse cuspir um chicletes na calçada não seria castigado com bastonadas.
Portanto o Liberdade Carioca aconselha : conservem as pedras portuguesas, mantenham a cidade bela e nos poupem dos chicletes nas calçadas que são muito nojentos!!!
sábado, 16 de março de 2013
segunda-feira, 4 de março de 2013
Tô com fome! Vai na rua , mata João Gome, que é um bom home e come!
O bem-te-vi tem muito mais a ver com o Brasil do que você podia pensar até agora!
Conselhos e ditos populares eram tão previsíveis quanto eram ritualmente falados em versos.
Antes de chegar ao João Gome, deste post peço a sua atenção para o caso do Bem-Te-Vi.
O Bem-te-vi é um passarinho, que já estava no Brasil quando os portugueses aqui chegaram e já descrito por Pero de Magalhães Gandavo , em 1600. O bdem-te-vi recebeu o seu nome na ritualização de um costume intensamente praticado pelos colonizadores: a denúncia dos pecados alheios. Sendo o roubo um dos mais graves.
Antonio Vieira em um dos seus mais atuais sermões denuncia o roubo e diferencia o ladrão comum do grande ladrão também no Século 17.
Suponho, finalmente, que os ladrões de que falo, não são aqueles miseráveis, a quem a
pobreza e vileza da sua fortuna condenou a este gênero de vida, porque a mesma sua miséria ou
escusa ou alivia o seu pecado, como diz Salomão...
O ladrão que furta para comer, não vai nem leva ao inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera, os quais debaixo do mesmo nome e do mesmo procedimento distingue muito bem São Basílio Magno... não são só ladrões, diz o Santo, os que cortam bolsas, ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e
dignamente merecem este título, são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões,
ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com
força, roubam e despojam os povos.
Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo do seu risco estes sem temor, nem perigo: os outros,se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam. Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de varas e ministros de justiça levam a enforcar uns ladrões, e começou a bradar:
Lá vão os ladrões grandes enforcar os pequenos.
Ditosa Grécia, que tinha tal pregador! E mais ditosa as outras nações, se nelas não padecera a
justiça as mesmas afrontas.
Vieira nos anos 1600 denunciava os ladrões numa terra imensa em que o roubo era dos menores dos pecados.
O Santo Ofício sem a sanha demonstrada na Europa buscava os pecadores diversos para a excomunhão ou para penas mais suaves que só podiam ser impostas àqueles que às escondidas cometiam pecados nefandos contra a castidade. E as Leis de Deus.
O canto do Bem-te-vi, um passarinho presente em todo o Brasil, passou a ser entendido como uma indicação aos pecadores de que não estavam tão escondidos quanto pensavam.
O passarinho "sabia" o que estava acontecendo e quem estava de fato fazendo alguma coisa pecaminosa levava um grande susto quando ouvia:
- Bem - te - vi!
Antes da antropofagia de comer o João Gome há uma outra palavra indígena que todos nós aprendemos nos primeiros meses de vida:
Mingau.
Mingau é uma palavra indígena que já estava em uso quando os portugueses chegaram à costas do Brasil.
E já era uma iguaria cuja explicação etimológica se revela na wikepedia: "Mingau" vem do tupi minga'u[1], "o que alguém empapa". Originalmente, era uma pasta espessa utilizada também em rituais, muitas vezes feita com as vísceras dos prisioneiros sacrificados pelos índios Tupinambás.[
Não era originalmente nem de maizena, nem de aveia. Era das vísceras dos sacrificados nas tribos.
O que explica também a cantiga do Lobo Mau ""que pega as criancinhas para fazer mingau".
A resposta rimada para as criancinhas que diziam às suas babás que estavam com fome tem várias versões todas na mesma linha.
No meu caso era:
- Tô com fome.
- Vai na rua, mata João Gome, que é um bom home, e come!
É uma ordem que não podia ser cumprida diante do passarinho que a denunciasse com o grito de bem-te-vi.
Se não o Santo Ofício podia pegar você. Ainda bem que inventaram a televisão e acabaram com o costume de dar conselhos como estes às criancinhas. Ou não ?
Suponho, finalmente, que os ladrões de que falo, não são aqueles miseráveis, a quem a
pobreza e vileza da sua fortuna condenou a este gênero de vida, porque a mesma sua miséria ou
escusa ou alivia o seu pecado, como diz Salomão...
O ladrão que furta para comer, não vai nem leva ao inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera, os quais debaixo do mesmo nome e do mesmo procedimento distingue muito bem São Basílio Magno... não são só ladrões, diz o Santo, os que cortam bolsas, ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e
dignamente merecem este título, são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões,
ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com
força, roubam e despojam os povos.
Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo do seu risco estes sem temor, nem perigo: os outros,se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam. Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de varas e ministros de justiça levam a enforcar uns ladrões, e começou a bradar:
Lá vão os ladrões grandes enforcar os pequenos.
Ditosa Grécia, que tinha tal pregador! E mais ditosa as outras nações, se nelas não padecera a
justiça as mesmas afrontas.
Vieira nos anos 1600 denunciava os ladrões numa terra imensa em que o roubo era dos menores dos pecados.
O Santo Ofício sem a sanha demonstrada na Europa buscava os pecadores diversos para a excomunhão ou para penas mais suaves que só podiam ser impostas àqueles que às escondidas cometiam pecados nefandos contra a castidade. E as Leis de Deus.
O canto do Bem-te-vi, um passarinho presente em todo o Brasil, passou a ser entendido como uma indicação aos pecadores de que não estavam tão escondidos quanto pensavam.
O passarinho "sabia" o que estava acontecendo e quem estava de fato fazendo alguma coisa pecaminosa levava um grande susto quando ouvia:
- Bem - te - vi!
Antes da antropofagia de comer o João Gome há uma outra palavra indígena que todos nós aprendemos nos primeiros meses de vida:
Mingau.
Mingau é uma palavra indígena que já estava em uso quando os portugueses chegaram à costas do Brasil.
E já era uma iguaria cuja explicação etimológica se revela na wikepedia: "Mingau" vem do tupi minga'u[1], "o que alguém empapa". Originalmente, era uma pasta espessa utilizada também em rituais, muitas vezes feita com as vísceras dos prisioneiros sacrificados pelos índios Tupinambás.[
Não era originalmente nem de maizena, nem de aveia. Era das vísceras dos sacrificados nas tribos.
O que explica também a cantiga do Lobo Mau ""que pega as criancinhas para fazer mingau".
A resposta rimada para as criancinhas que diziam às suas babás que estavam com fome tem várias versões todas na mesma linha.
No meu caso era:
- Tô com fome.
- Vai na rua, mata João Gome, que é um bom home, e come!
É uma ordem que não podia ser cumprida diante do passarinho que a denunciasse com o grito de bem-te-vi.
Se não o Santo Ofício podia pegar você. Ainda bem que inventaram a televisão e acabaram com o costume de dar conselhos como estes às criancinhas. Ou não ?
Assinar:
Postagens (Atom)