terça-feira, 20 de abril de 2010
Economistas iconoclastras valorizam a filosofia natural em sua ciência: o primeiro deles demonstrou como ganhar dinheiro com previsões corretas.
Outro fato notável – devia chamá-lo de fato relevante - com uma importância infinitamente menor diante das constatações do Marcelo Gleiser (ver postagem anterior) - estava nas páginas amarelas da revista Veja numa entrevista iconoclasta do economista Robert Shiller, um professor da Universidade de Yale que acaba de publicar pela Campus/Elsevier o livro O Espírito Animal em co-autoria com George Akerlof (prêmio Nobel de economia).
Ambos se dedicaram a destruir o mito de que os mercados se regem por leis puramente matemáticas pouco relacionadas com as percepções das pessoas.
O livro, a entrevista e o que eles dizem é uma revolução, pois, durante muito tempo o nicho dos economistas foi preservado como um santuário com regras próprias, herméticas, e, portanto pouco acessível às análises e às críticas dos leigos. Algo muito próximo de uma religião apoiada em verdades indiscutíveis.
Somente no início do século 20 a palavra economista começou a ser usada embora Fan Li por volta do ano 490 a.C seja indicado como o primeiro dos economistas. Fan Li era conselheiro do rei Gouijuan na China e disse (deixando registro do que disse) que era necessário comprar por menos e vender por mais para que os países pudessem existir. Viva o Fan Li, pois a sua recomendação continua verdadeira até hoje.
Daí os economistas do passado - sem este nome - foram todos que se detiveram sobre como ganhar dinheiro. Thales de Mileto, que viveu na mesma época e foi reconhecido como o primeiro dos sete sábios da Grécia também deve ser reconhecido como um economista, e até mais:elefoi primeiro economista que aliou a teoria à prática e ganhou muito dinheiro.
Thales era um atento observador dos astros e dos ângulos em que podiam ser vistos e foi o primeiro a predizer um eclipse, com absoluta precisão em 585 a.C.. A sua capacidade de dizer o que iria ocorrer no céu e acertar foi considerada por Aristóteles, alguns anos depois, como o data de nascimento da Filosofia.
Hoje em dia, sem a menor dúvida, Thales seria considerado o “cara” na Grécia, onde a ausência de uma cabeça como a dele está sendo chorada por todos os gregos e pelos demais europeus que vão perder muito dinheiro com o “eclipse” econômico do país agora.
Mas, além de prever o eclipse, Thales previu que diante das condições climáticas de um determinado ano que a safra de azeitonas seria imensa.
Antes de dar a notícia a toda a população, como havia feito em relação ao eclipse, ele usou a sua própria inside information e arrendou todas as prensas de azeite da região.
Quando a safra realmente se revelou imensa o azeite só poderia ser extraído nas prensas de Thales, que demonstrou na prática como se podia ganhar muito dinheiro com o uso de informações não disponíveis para todos...
Thales seguiu os conselhos de Fan Li: alugou as prensas por menos do que este aluguel iria custar quando todos precisassem prensar as azeitonas e tornando-se assim o rei do azeite em Mileto.
Sábio + tino para negócios = a economista antes de a profissão existir formalmente.
Thales foi reconhecido durante a sua vida como o mais sábio dos sábios e na minha visão como o primeiro economista com a visão dos interesses humanos como prioridade que faltou ao grupo dos economistas criticado por Shiller e Akerlof.
Shiller e Akerlof concluíram em seu livro que os profissionais da economia sofreram nos últimos anos um processo de autoconvencimento coletivo interesseiro que resultou na catástrofe na economia mundial de 2008.
A economia – ao posicionar-se como uma atividade em que o dia-a-dia do comum das pessoas não era tomado em conta - como acusam os autores do O Espírito Animal – pecou ao ignorar a filosofia natural.
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